sábado, 15 de janeiro de 2011

Desabafo duma carioca residente em Petrópolis.

Recebi esse twitter de @SilvanaNunes_RJ na data de hoje e achei um desabafo muito apropriado duma carioca atualmente residindo em Petrópolis mas que não consegue entender a catástrofe que acometeu a região serrana do Rio de Janeiro desde o dia 11 de janeiro deste ano. Portanto, eu o reproduzo aqui na íntegra.

"Petrópolis, 14 de janeiro de 2010.

A morte não admite palavra. Ela nos põe para fora da palavra, onde o silêncio mora e aflora. As tragédias sempre nos chocam, nos mobilizam, nos levam a um mergulho nas razões da existência e a questionamentos em relação à existência de Deus" (Jean Wyllys). Não precisa uma tragédia tomar consistência bíblica para que o Estado tome suas providências. Somente hoje, após quatro dias do acontecido, o efetivo do exército sobe a serra para ajudar nas buscas. Finalmente ! A região serrana pede socorro. A população está apreensiva com a possibilidade de novas chuvas e deslizamentos, já que o solo está encharcado . Agora cedo ( 9:34h ), um total de 534 mortes, ainda com inúmeros relatos de soterrados e desaparecidos. Filas com mais de 50 pessoas nos mercados e postos de gasolina. Muitos comerciantes, numa total falta de respeito ao semelhante, se aproveitando da situação catastrófica, cobrando abusivamente R$6,00 num litro de leite, R$ 15,00 numa caixa de vela, R$100,00 num botijão de gás, R$40,00 por um galão de água. Então eu me pergunto: “Por que se aproveitar de um momento tão doloroso? Certamente irão pagar o preço pela ganância. Notícias de arrastão na cidade de Teresópolis (na Calçada da Fama), o comércio está amedrontado, a maioria com as portas fechadas com medo de saques. A nossa região está desfigurada. Desta vez, a culpa não foi só das construções irregulares, pobres e ricos foram soterrados nessa tragédia, a maior contabilizada até o momento. Em Petrópolis, a situação topográfica não nos deixa muitas opções: ou se mora na serra, ou nos vales.O que nos falta é uma lei de responsabilidade social, um sistema de alerta para as chuvas que funcione, um programa de educação ambiental.Peço que a voz da imprensa interceda por nós, já que o poder político - tão onipotente no momento das eleições - não cumpre suas promessas de campanha.Muito medo assombra os lares da região serrana porque as chuvas continuam. Só posso crer que Deus tem uma grande lição para a sociedade.

Silvana G. Nunes.'.
Carioca, morando desde 2007 em Petrópolis."

É momento para refletir!