quinta-feira, 16 de abril de 2009

Andar ou não andar de trem, eis a questão.

Olá novamente. Fazia tempos que eu não escrevia, não vou divagar aqui sobre os motivos para tal lapso. Somente me aterei a ESCREVER! rs.

Hoje eu quero comentar sobre a imagem mais aterradora da semana nos noticiários de televisão, aquele furo de reportagem que mostra as feridas de um povo e dá um grande ibope. Quero falar aqui dos trens metropolitanos do Rio de Janeiro, que já faz uns 10 anos mais ou menos que foi entregue pelo governo "de mão beijada" na época para uma empresa de nome "Supervia". O mais estranho é que na época saiu, se não me engano, reportagens denuncistas no jornal O Globo sobre o fato dessa tal de Supervia ser uma empresa "virtual", ou seja, tal empresa só existia no papel (Junta Comercial e Fazenda Federal) mas não tinha sede física. Os trens metropolitanos do Rio de Janeiro eram geridos na época pela RFFSA (Rede Ferroviária Federal SA), depois passaram para a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) e mais tarde, às mãos da bendita Supervia virtual.

O que os usuários veem é que esta empresa não consegue dar conta da grandiosidade que é o transporte de massa numa metrópole, não respeitando horários de saída dos trens tampouco os intervalos de uma composição à outra, numa questão da razoabilidade para que os usuários do sistema de trens possam ter a oportunidade de se locomoverem para seus trabalhos e casa numa fração de tempo não muito grande. Pois bem: na prática o que vemos é que esta empresa está colocando várias composições bem velhas para circulação pelos ramais (no meu caso, seria o ramal de Japeri) com excesso de barulho, bancos desconfortáveis (haja coluna), portas que não se fecham para a segurança do usuário e lonas de freio que se queimam durante o trajeto (o fedor é insuportável!). Lembro-me que na gestão da ex-governadora senhora Garotinho (Rosinha Mateus) a luz que alimenta todo o sistema de trens elétricos foi suspensa (cortada) pela concessionária carioca (Light). Imaginem só o absurdo! Trem elétrico sem luz... verdadeiramente, isso não pode! O que aconteceu então? A ex-governadora supra-citada utilizou-se do ICMS para fechar contas com a Light e fazer o pagamento da luz consumida pela Supervia. Pergunta-se: não são cobradas passagens para o ingresso de usuários às estações a fim de fazerem uso de tal sistema de transportes de massa? E para onde vai esse dinheiro, será que a Supervia é uma empresa "deficitária"? E se a resposta a essa pergunta foi verdadeira, alguém já ouviu falar de capitalista que investe em algum ramo de negócio que não seja para auferir lucros? Eu nunca ouvi tal conto de fadas, creio que nem nos livros de historinhas existe algo tão absurdo assim.

E fora todas as mazelas que citei nos parágrafos anteriores (isso sem falar nos camelôs que querem andar com isopores cheios de cerveja e refrigerante no trem, e isso no horário de rush que mal cabem as pessoas dentro; isso sem falar na indelicadeza dos tais camelôs que nos dão verdadeiros encontrões com seus isopores e mochilas pesados e nem pedem desculpas; isso sem falar que se a gente reclamar eles nos enfiam a "porrada" e por aí vai), ainda tivemos que acompanhar pelo noticiário da Rede Globo de Televisão cenas típicas de um estouro de boiada numa fazenda, na qual bichos são chicoteados até que entendam a vontade de seus donos e façam o que eles querem. Essa cena estapafúrdia foi a de um conjunto de Atendentes da Supervia (ou seja, prepostos da companhia) espancarem sem dó nem piedade aos usuários do trem durante a greve dos ferroviários. Acontece que no Rio de Janeiro, a maior parte das pessoas que lá trabalham não ganham o suficiente para lá morarem (tirando-se aquele que se sujeitam a morar em favelas) e acabam tendo que morar no entorno do município do Rio, que é a Baixada Fluminense. E pra essas pessoas, a passagem de ônibus torna-se muito cara por ser do tipo "intermunicipal", ou seja, ou se locomovem de trem ou não conseguem arrumar trabalho na capital. Isso tudo quer dizer que no dia-a-dia dos trens metropolitanos, as composições já andam superlotadas nos horários de rush. Imagine esse povo todo tentando ir para o seu trabalho num período extraordinário de greve dos maquinistas, que proporcionaram o decréscimo no número de composições a circularem e na quantidade de ramais atendidos... virou o caos total! E o que aconteceu então? Bem, a Rede Globo estava fazendo uma cobertura para o RJ TV (é o jornal local que começa às 6:30hs e termina às 7:10h da manhã), se não me engano, sobre a greve dos trens e o prejuízo para os usuários quando o cinegrafista profissional filmou um flagrante de agressão pelo pessoal de apoio da Supervia aos usuários que se expremiam na composição, na tentativa de fecharem as portas para o seguimento da viagem com segurança. Esses "profissionais" que tem por missão orientar os usuários no bom uso da rede ferroviária deram socos e potapéis nos usuários, alerem de chicotadas com a cordoalha dos apitos e crachás que utilizam para a sinalização e identificação funcional. A cena foi grotesca, duma covardia gritante, de causar indignação em qualquer cidadão de bem.

Depois disso tudo, a Rede Globo fez várias entrevistas com o presidente da empresa Supervia, o qual disse desconhecer totalmente denúncias de abuso e autoritarismo da parte de seus subordinados. Isso depois do repórter do jornal afirmar que, rotineiramente, os usuários dos trens metropolitanos fazem reclamações sobre a deficiência na prestação do serviço de concessão pública feito pela empresa Supervia. Também fico aqui raciocinando na minha pequenez como é que só tem trem novo para ser utilizado quando o governo do Estado faz a aquisição dos mesmos, ou só se reformam as composições antigas quando o governo do Estado libera verbas para tal. Desse jeito, eu vou querer para mim a concessão do serviço ferroviário carioca, pois com o dinheiro dos outros é muito mais fácil gerir qualquer tipo de negócio. Governador Sérgio Cabral, me passa a concessão dos trens, por favor... rs!

Andar ou não andar de trem, eis a questão!